O italiano morreu e, homem muito decente, foi direto para o céu. Pegou sua harpa e ficou tocando e cantando na sua nuvem, durante séculos. Um dia, achando tudo muito chato, pediu a São Pedro para sair e dar uma voltinha.
Pedroca deixou e ele, vendo lá fora uma porta com a inscrição Inferno, entrou. Foi recebido com a maior consideração por Satanás, que, sorrindo muito, levou-o a uma bela alameda onde serviam vinhos das melhores procedências, queijos finos e outras iguarias, e onde ele foi amado até a exaustão por belíssimas louras, morenas e mulatas. O italiano voltou direto a São Pedro, pedindo-lhe para ficar para sempre no Inferno.
— Você tem certeza do que quer? Olha que é uma ida sem volta, disse-lhe São Pedro.
Mas o homem não tinha a menor dúvida e assinou todos os papéis necessários para ir para o Inferno.
Satanás recebeu-o com um sorriso diabólico, meteu-lhe um tridente nas carnes e jogou-o numa ruela fétida, onde só se sentia cheiro de enxofre e se ouvia choros e ranger de dentes.
— Mas por que é tudo diferente agora?!
— Perguntou o bom italiano ao Demo.
E o Diabo explicou-lhe:
— Porque da outra vez você veio como turista e agora é como imigrante!
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