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sexta-feira, 1 de junho de 2012

Adivinha quem é

Pois bem, sexta feira, para nooooooosaaaa alegriiiiiiaaaaaaaa....
Hoje a postagem tem um cunho, diríamos um tanto quanto mais em se assemelhar com uma crônica e nisso o mestre absoluto é Luiz Fernando Veríssimo, hoje não podia ser de outro autor a postagem, se é que realmente é dele essa, pois muitas postagens atribuídas a ele não são realmente dele, entenderam?
Boa leitura e até mais!!!
Link original aqui.



Tudo começou quando ele chegou por trás dela, tapou seus olhos e disse: — Adivinha quem é?
E ela:
— George Clooney.

Pra quê. Inauguraram-se três linhas de raciocínio. Uma: ela realmente pensara que o George Clooney entrara na sua cozinha, pé ante pé, tapara os seus olhos com suas mãos e dissera “Adivinha quem é?”, ainda por cima em português.
— Por que não? — disse ela. E arrematou: — Tudo é possível.
— Faça-me o favor — disse ele. — O que o George Clooney estaria fazendo, já não digo na nossa cozinha, mas no Brasil, sem ninguém saber? Hein?
— Veio lançar um filme.
— Muito bem. Veio lançar um filme, se perdeu na cidade, entrou no nosso prédio, entrou no nosso apartamento, viu a porta da nossa cozinha aberta e você aqui, de bermudas, cortando cenoura, e decidiu entrar?
— Tudo é possível.
— E o português? Como é que ele sabe português?
— Como é que você sabe que ele não sabe português?
— Como é que ele passou pelo porteiro sem ser anunciado? Como é que tinha a chave do apartamento? Ora, faça-me o favor!

Segunda linha de raciocínio: fora uma brincadeira. Claro que ela sabia que não era o George Clooney, era o marido. Dissera “George Clooney” para fazer ele rir. Não esperava que ele não fosse gostar da brincadeira. O George Clooney na minha cozinha? Eu nestes trajes? Cortando cenoura? Claro que era impossível. Brincadeira.
— Não foi brincadeira.
— Foi, bem.
— Não foi. Do jeito que você disse “George Clooney”, não foi.
— Foi o quê?

(Chegamos ao terceiro raciocínio.)
— O tom em que você disse “George Clooney”. Quase um lamento. O que você realmente estava dizendo era “que remédio, só pode ser o chato do meu marido. Não pode ser outro homem, outra vida, outro futuro, longe desta cozinha, longe de tudo que é pequeno e mesquinho e previsível e...”
— Bem, vai pra sala ver seu “Jornal Nacional”, vai.
— A cenoura é pra quê?
— Refogado com vagem. Como sempre.

2 comentários:

  1. Essas crônicas que aparecem no blog de tempos em tempos são boas. Deviam ser mais frequentes, né.

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    Respostas
    1. Isso aí, valeu pelo elogio...
      Pois é, esse é o assunto das Sextas-Feiras, a princípio.
      Flw Tubarãozão...
      Heheheheh

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