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quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Da difícil arte de redigir um telegrama

" Quem inventou o trabalho não tinha o que fazer!"


Baita frase para iniciar a postagem de hoje.
Bom, continuando um pouquinho a minha peripécia em rumo a carteira de habilitação C, depois de sair do cabeleireiro, fui-me fazer os tão temidos exames e testes, iniciando pelo Psico-Técnico, que era no CFC, quem disse que foi fácil achar lugar para estacionar o fucão? Pois é eu achei lugar só atrás do CFC e ainda olha a minha responsabilidade para fazer a primeira estacionada no meio de dois carros, um era um Audi de trás e na frente tinha uma nova Montana, já pensou? Naquela hora da pressa, estacionei lá, mesmo sabendo que se eu encostasse em qualquer um dos dois veículos, teria de vender 3 Fuscas para pagar o conserto, mas nada de ruim aconteceu, dobrando esquinas para chegar no CFC, para a minha sorte  tinha uma rua vazia bem mais perto de onde eu estacionei, que absurdo... Mas fora o atraso, cheguei bem. Cheguei lá, fui na recepção e fui encaminhado a sala do exame, mesmo depois do mesmo ter iniciado, mas faz parte. A turma era de 10 pessoas, incluindo eu, 8 homens e 2 mulheres. Exame vai, exame vem, chegou a hora de  desenhar a árvore, e desta vez, eu sabia que era pra desenhar um chão para ela, e fiz-o. Fica a dica. Em breve tem mais.
Então, recentemente o trabalho do humorista do pânico que talvez tem hemorróidas foi desvalorizado por assim dizer, quando o Jô Soares não quis conceder uma entrevista. Aí se iniciava mais uma novela no Pânico o carioca não mais queria interpretar o Jô Suado, alegando falta de motivação para fazer o mesmo, minha opinião, ele que faça o que quiser e você, leia essa crônica escrita pelo original, Jô Soares. Até mais.




Há uma história famosa de uns parentes que tinham que comunicar por telegrama, a uma senhora que estava viajando, o falecimento de uma irmã. Reuniram-se em volta de uma mesa e toca a escrever. Primeiro foi o primo quem redigiu a nota. Depois de alguns minutos mostrou o resultado do seu trabalho: "INTERROMPA VIAGEM E VOLTE CORRENDO. TUA IRMÃ MORREU". Todos leram e um dos tios fez o seguinte comentário:-Eu acho que não está bom. Afinal de contas, vocês sabem que ela é cardíaca, está viajando e um telegrama assim pode ser um choque. -Todos concordaram, inclusive um outro primo afastado que era sovina e achou o telegrama muito longo:
-Depois, com o preço que se paga por palavra, isso não é mais um telegrama, é um telegrana.
Ninguém riu do infame trocadilho, memso porque, velório não é lugar para gargalhadas. Foi a vez do cunhado tentar redigir uma forma mais amena que não assustasse a senhora em passeio. Sentou-se e escreveu: "INTERROMPA VIAGEM E VOLTE CORRENDO. TUA IRMÃ PASSANDO MUITO MAL". Novamente o telegrama não foi aprovado. Um irmão psicólogo observou:
-Não sejamos infantis. Se ela está viajando pela Europa e recebe esta notícia, não vai acreditar na história de "passanso muito mal". Sobretudo com o "volte correndo" no meio.
-Também concordo - falou o primo afastado sempre pensando no custo. Então o genro aproximou-se:
-Acho que tenho a forma ideal. - Pegou no bloco e rabiscou rapidamente: "INTERROMPA VIAGEM E VOLTE DEVAGAR. TUA IRMÃ PASSANDO MAIS OU MENOS". Todos examinaram atentamente o telegrama. A filha reclamou:
-Vocês achamque mamãe é boba? Se a gente escrever que a tia está pasando mais ou menos e que ela pode voltar devagar, ela já vai adivinhar que todas estas precauções são pelo fato de ela ser cardíaca e que na realidade a irmã dela morreu!
-Concordo plenamente - disse o facultativo da família que era também sobrinho da senhora em questão. Resolveu, como médico, escrever o telegrama: "PACIENTE FORA DE PERIGO. VOLTE ASSIM QUE PUDER. PASSIENTE TUA IRMÃ".
De todas as fórmulas até então apresentadas, esta foi a que causou mais revolta.
-Que troço imbecil - gritou o netinho que passeava pela sala no momento em que a mensagem era lida. Puseram o menino para fora da sala, mas no íntimo a família toda concordava com ele.
-Não, isso não. Se a gente mandar dizer que ela está fora de perigo, para que vmaos pedir que ela interrompa a viagem? - argumentou o tio.
-Também acho - responderam todos num coro de aprovação. O filho mais velho resolveu tentar. Pensou bem, ponderou, sentou-se, molhou a ponta do lápis na língua e caprichou: "SE POSSÍVEL VOLTE. TUA IRMÃ SAUDOSA. PASSANDO QUASE MAL. POR FAVOR ACREDITE. CUIDADO CORAÇÃO. VENHA LOGO. SAUDADES SURPRESA".
-Realmente, esse bate todos os recordes! - disse uma nora professora. - Em primerio lugar não é "se possível", ela tem que voltar mesmo. Em segundo lugar, "saudosa" tem duplo sentido. Em terceiro lugar, ninguém passa "quase mal". Ou passa mal ou bem. "Quase mal" e "quase bem" é a mesma coisa. "Por favor acredite" é um insulto à família toda. Ninguém auqi é mentiroso. Depois "cuidado coração" não fica claro. Como telegrama não tem vírgula, ela pode pensar que a gente está dizendo "cuidado, coração", já que a palavra coração também é usada como uma forma carinhosa de chamar os outros. Por exemplo: "Oi, coração, tudo bem?" E finalmente a palavra "surpresa" no telegrama chega a ser um requinte de crueldade. Qual é a surpresa que ela pode esperar?
- Ela pode pensar que a tia está tendo neném - falou um sobrinho.
- Aos noventa anos de idade?
Abandonaram a idéia rapidamente. Seguiu-se um longo período de silêncio em que a família andava de lá pra cá, pensando numa solução. Pela primeira vez estavam se dando conta de que não era tão fácil assim mandar um telegrama. Serviu-se o costumeiro cafezinho, enquanto cada qual do seu lado procurava uma maneira de escrever para a senhora em viagem sem que isso tivesse consequências desastrosas. De repente o irmão psicólogo explodiu num grito eurekiano de descoverta:
-Achei!
Escreveu febrilmente no papel. O telegrama passou de mão em mão e foi finalmente aprovado por todo mundo. Seu texto dizia: "SIGA VIAGEM DIVIRTA-SE. TUA IRMÃ ESTÁ ÓTIMA".

Link original.

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