Hoje, eu trago a vocês uma obra literária, ou melhor a paródia de uma obra literária.
Lá vai ela.
Paródia de ("E agora, José") - Poema, de Carlos Drummond de Andrade
E agora, mané?
A água acabou,
O gelo derreteu
o povo morreu,
a noite congelou,
e agora, mané ?
e agora, você ?
você que é sem honra,
que zomba da vida
você que desmata,
que caça e trafica,
e agora, mané?
Está sem sua presa,
está sem comprador,
está sem dinheiro,
já não pode matar,
já não pode cortar,
vender já não pode,
a noite congelou,
o dia não veio,
a noite não veio,
a vida não veio,
não veio a tua grana
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo morreu,
e agora, mané ?
E agora, mané ?
Sua podre palavra,
seu instante de viagem,
sua caça e carniça,
sua estátua de marfim,
seu diamante de sangue,
seu casaco de pele,
sua incoerência,
seu ódio - e agora ?
Com a arma na mão
quer matar a caça,
não existe caça;
quer pescar predatoriamente,
mas o mar secou;
quer ir pra Suíça,
Suíça não há mais.
mané, e agora ?
Se você gritasse,
se você gemesse,
se você fumasse
a erva amazonense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse…
Mas você não morre,
é o seu castigo, mané !
Sozinho no escuro
Num mundo acabado,
sem civilização,
sem sofá felpudo
para se deitar,
sem Jaguar preto
que possa dirigir,
você vaga, mané!
mané, pra onde ? Paródia feita por Lucas Koehler
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