"Boldog Karácsonyt!!"
Com
esse Feliz Natal!! húngaro, que mais parece uma raça de cachorro, eu os
comprimento hoje, triste pela outra vez mencionada aqui chuva de pedra,
desta vez que com certeza foi muito pior, cerca de 30 cm de granizo
ficaram amontoados no chão, junto com a uva também levado com esse granizo forte que atingiu de Otávio Rocha e outras cidades aqui na
Serra, é triste para esses agricultores que tinham a safra de uva e
outras ameaçadas pela seca até o começo desta semana, agora perderam
TUDO com o forte granizo de ontem, ficam aqui os meus votos de força e
perceverança, pois esperamos que seja a última vez que isso acontece.
Força aí pessoal.
Depois disto, fico até sem vontade de
postar hoje, mas achei uma crônica bem legal, não tão engraçada e
curta, mas é legal e retrata bem esse mundo minúsculo, que até uns dias o
pessoal sofria com a seca, agora foi tudo perdido com o granizo, muito
triste isso, principalmente para quem teve as plantações atingidas ou
que tem plantações e pensa que da próxima vez pode ser com ele. Boa
leitura, até mais e esperamos que, com boas notícias.
Podemos perceber muito de finanças, saber o que o Pitágoras sabia, ter
aberto muitas empresas de sucesso, ser barra em cálculo mental, mas não
há ninguém, ninguém deste mundo que negocie o tempo ao ponto de o fazer
parar.
O tempo: esse cabrão que não espera por ninguém. Podes estar
apertadinho da bexiga e erguer mãozinhas a deus para não te derreteres
ali, mas sabes bem que o tempo é some e segue. Entre o passado e o
presente a velocidade é tanta que nem tempo temos para morrer. É pegar
no morto, chorá-lo, enterra-lo, cobri-lo, e está feito. Depois, que
venha outro para o lugar deste.
A vida é assim, quando pensamos
que vamos para comer, somos comidos. Ou então, haver muito sexo para
alegria. Enfim, o sexo é o bastante para não pensarmos que a morte nos
acena do meio da rua. Só não vê quem não quer.
O Bino não vive de
planos, muito menos dos inclinados. Basta-lhe ter amigos e algumas
amigas. A crise faz de nós seres mais ágeis e criativos. Caminhamos
muito com a esperança de chegar a algum lado. Mas quase sempre acabamos
no bar do Villas a beber esperança líquida até clarificar as ideias.
E
foi numa dessas ocasiões que o Bino, farto de aguçar ilusões, passou a
dedicar-se aos jogos de mesa, nomeadamente o póquer, onde, uma vitória
podia-lhe valer dez almoços e assim salvar uns dias da miséria
estomacal. Só que em cada lugar da mesa todos andam ao mesmo: ganhar.
Ali não há espaço para engraçadinhos.
Quem tentar um piscar de olhos, ou meter uma carta por debaixo da mesa, está fora e arrisca-se a um murro nos olhos.
A
sobrevivência é assim: ou jogas limpo ou cais na merda. Não há duas nem
três. Frita-se os miolos ao mínimo derrape. O Bino conhece as regras. É
dotado de uma inteligência paranormal que não passa por assar bifes com
o pensamento. Não. A queda natural do Bino é a adivinhação. Um dom
inexplicável que não conta a ninguém e nem tampouco sabe de onde vem.
Sabe apenas que quando se senta na mesa para jogar, o seu instinto é
mais forte que um extintor. Raramente perde e, por raramente perder, vem
a desconfiança e vai-se o pleonasmo.
Os parceiros da mesa
interrogam-se. Ninguém deste mundo tem tanto palpite acertado. Até que
num dia, após ter depenado tudo e todos com um full de ases,
apertaram-lhe as goelas quase ao máximo. Por azar, um deles era o
Caga-Pó, saiídinho da prisão há meio mês, olho de vidro, pulseirinha
electrónica, cicatriz na face...
É nestas alturas que o tempo
pára, ainda que se tente dar corda aos sapatos. O Bino tentou a fuga
pelas traseiras mas o matulão pôs o corpo na frente, sorrindo com a sua
falta de dois dentes. Por milagre apareceu um ex-polícia a salvar-lhe a
pele e a tirá-lo dali para fora com um puxão de roupa. Foi uma sorte o
Bino ter saído dali com saúde, quanto mais vivo.
O Caga-Pó bem que
queria dar-lhe uma coça, mas conteve-se, sabia que o risco era alto e
preferiu dirigir-lhe umas ameaças para a próxima vez que o encontrasse.
Já o Bino, agora de costas forradas, exibia uma ironia desastrosa, só
para o deixar em águas. E foi-se embora dali, acompanhado por aquele
que, dia após dia, se tornou amigo diário, o ex-polícia.
Claro
que o dinheiro dá asas e, se a gente não tem um pouco de cautela, voa
mesmo, sem nunca mais aterrar. O ex-polícia - que gostava de umas coisas
esquisitas - um dia teve a belíssima ideia em levar o Bino para um
bacanal, que aceitou, inclusive saboreou a palavra bacanal durante um
certo tempo até lhe fazer água na boca. O ex-polícia tratou de ligar a
um amigo que tinha uns amigos mais umas amigas de umas amigas, e a coisa
ficou tratada para o fim-de-semana próximo, sendo a discrição a única
exigência, uma vez que envolve gente da alta.
O Bino ficou em pulgas.
Logo
ele, que tanto intuía, nunca na vida chegou a intuir uma coisa dessas, a
não ser em sonhos. No dia da festa, aperaltou-se todo, passou a semana
toda a fazer abdominais e a comer saladas e frutas para aumentar o seu
endurance.
A horinhas partiram, pois sabem que nestas coisas do
sexo, se nos atrasamos, outros passam a frente. É a chamada lei da
vantagem. Portanto foram, desportivamente falando, a darem palha aos
pensamentos e a suporem se no bacanal haveria mais loiras ou morenas.
Quando chegaram à casa do Ramiro, a cena estava montada, o quarto semi
escuro e, dentro dele, uma enorme cama redonda. Quando os dois amigos
entraram, já os casais faziam trocas e baldrocas. Uma salada russa de
amor, onde, neste caso, comer em excesso não faz mal à barriga.
O
Bino, antes de começar as suas manobras, sentiu uma mãozinha ao de leve
nas cascas. Olhou para ver quem era, via-se mal, mas via-se que sorria.
Então aproximou mais os olhos, mais ainda, até ver nitidamente o que
nunca foi capaz de adivinhar: um olho de vidro, pulseirinha electrónica,
cicatriz na face… Nisto, a porta fechou-se!
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